quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A Mala da Passagem (Série Desolação Poema 6)

 

(presente da mana Fê)

Minha força está na solidão. 
Não tenho medo nem de chuvas tempestivas 
nem de grandes ventanias soltas
pois eu também sou o escuro da noite.
(Clarice Lispector)




Tenho minha mala pronta,

dentro, estão sonhos encubados,

toda minha vida sem guarida.


Ao longe percebo que há vida,

fora de mim... Aqui,

Um mundo de fantasia sem alegria.


Estou à mercê do tempo,

numa cruel espera em vão, desilusão,

sou a demora tão temida.


O céu me espera, com pássaros,

na revoada por sobre as nuvens escuras,

sinto não ser miragem minha passagem. 









domingo, 25 de agosto de 2024

Fonte Solidária (Série Desolação Poema 5 )

 


Eu acho que a poesia será sempre importante. 
Porque a poesia pretende humanizar o outro.
E, nessa época nossa de brutalidade e de selvageria,
Através da poesia, pode haver um instante de redenção psra o homem.
É  isso que eu sinto. 
(Hilda Hilst)





Delicado momento de tristezas contidas,
as asperezas da vida nas suas investidas.


A água a refresca, a acalma, a purifica,
vive duríssimos momentos de despedidas.


Semblante tristonho revela enorme dor,
reconhece viver as durezas, se santifica.


Tem as mãos postas sobre si, no resguardo
duma compulsão do seu coração em emulsão.


Sente-se tão melancólica no duro aguardo,
tem ciência da notícia vinda de supetão.


Haviam-na preparado, ela sente comoção,
seu ser é de carne, sangra seu coração.


As aves suavizam sua dor de solitária,
vai buscar ajuda na Fonte, sedentária.




terça-feira, 20 de agosto de 2024

Debaixo de Subterfúgios (Série Desolação Poema 4)

 








No oculto do coração, 
escondo toda minha dor,
só minha, de mais ninguém.
Debaixo de subterfúgios, 
abrigo meus calafrios,
recolhida por anos a fio.

Algo supremo me esconde 
de forma bem inusitada,
sou invisível, abrigada 
no meio de outras dores 
de alguns semelhantes,
sem mais, aterrorizada. 

Ao redor, ninguém me vê, 
mesmo estando rodeada 
de pessoas, nem aí estão 
a nada sentido no coração,
encolho-me como um embrião,
do casulo não quero sair.

Lá fora, só ingratidão,
numa nuvem de escuridão,
sentimento envolto em dor,
 coração revestido de amor,
sente falta do odor de flor,
riem, gargalham, não sentem
toda a dor do duro desamor.

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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Sensação Nostálgica (Série Desolação Poema 3)

 

E eu desejaria levantar‑me levemente Sobre as paisagens que se enchem de chuva apaixonada. Desejaria estar em cima, no meio da alegria e abrir os dedos tão devagar que ninguém sentisse a melancolia da minha inocência. 

(Herberto Helder)



Numa sombria tarde outonal,
num painel bem amarelado,
aparentemente tão banal,
põe-se, formosa ao lado.

Numa sensação de nostalgia,
cobre-se de folhas marrons,
na verdade de vários tons,
todos sem tanta alegria.

Queria tanto ter lado a lado,
seu eterno bem-amado,
na suavidade da tarde,
num amor sem alarde.

Todos dias lindos dos outonos
tornaram-se tão tristonhos,
lembrava com emoção,
do amor do coração.









segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Sobre um Mar de Provação (Série Desolação Poema 2)



A poesia pega pedaços perdidos de nós.

 (Rubem Alves)




 Mantenho-me num mar de desolação

Lá  embaixo, uma secura sem fim...
A vida extinguiu a emoção da ação
Dos humanos  na terra, enfim.

Busco brilho estelar,  melhor amar,
Viver num deserto é  danificar 
A vida plena sonhada por todos nós 
É  aceitar o emaranhado de nós. 

Por cá, astros iluminam e passeiam,
Tudo é leve ao meu entorno...
Contemplo das estrelas o contorno, 
Pontiagudos pontinhos lindos.

Muito ruim é  viver na superfície,  
Serei da minha vida uma artífice,
Minhas mãos  de obreira tecerão
Um mundo novo em ação. 







quinta-feira, 8 de agosto de 2024

No Âmago da Dor (Série Desolação Poema 1)

 


A dor precisa ser sentida.













Senhor, reconheço tua grande exímia Dor, 
Não tenho direito de ser nenhum desamor. 
Na dura angústia cravada em minhas costas,
Tombo exausta no limiar das parcas forças.

Defronte à tua Santa Cruz, grito clamoroso
Sufoca meu peito dolorido de adversidades, 
É muita controvérsia,  decepções, maldades
Múltiplas... de pessoas de coração amargoso.





domingo, 4 de agosto de 2024

Cantinho do Poeta (Jaime Portela)

 





Desde Janeiro, uma vez por mês, poetas amigos desfilarão por aqui com poemas sobre a Arte da Poesia  pela poesia.

Nosso  homenageado será o poeta amigo Jaime Portela  que diz muito pelas entrelinhas dos seus poemas com sua grande inspiração. 

Seja bem-vindo em nosso Cantinho do Poeta,  amigo!



O poema,

onde se apoiam as coisas do espírito

que se entrelaçam no pensamento,

é o reviver dos teus mistérios.


O poema,

onde renasce a tua essência,

é o lento amanhecer de frutos novos,

arranjo floral de vozes

e desassossegos noturnos.


O poema,

sem o teu olhar vibrante, não seria

a vontade pontiaguda nas entranhas

à procura da palavra

onde me deito e levanto.

Jaime Portela 


Do Poeta Jaime:

Poesias maravilhosas...

Arte elegante de traduzir sentimentos.

Encanta...

É especial,  o temos a um toque do teclado. Distante, com o coração por perto.

Um poeta de eleição.

Oferece um cálice primoroso para sorvermos de sua primorosa e extraordinária poesia.


Encanta-nos, nos põe a reflectira pensar na vida, na sociedade em que estamos inseridos... não deixando nada por dizer.

Poeta de excelência, criatividade e inspiração muito acima da média,  trabalhos poéticos de profunda reflexão. 

Cala a alma e extravasa encantamentos. 

Poemas excelentes...

Inspirações arretadas!

Poetas já homenageados no Cantinho do Poeta:



                 

Calu



Obrigada, Amigo, por embelezar a blogosfera com poesias tão lindas.