Libertar da Opressão (AGRADECIMENTO )

 

Tem gente que nasce poesia.

(Manoel de Barros)

Eles refazem meu mundo,

à feiura, nova leitura.

Opúsculos do meu viver

exalam todo bem-querer.

Por eles, voo bem alto,

há liberdade, a opressão

afasta-se, sai o imundo,

 contaminação do coração.

Minha vida é bem refeita,

ganha uma nobre feitura.

Liberta de sobressalto,

aprecio ter nova visão.

Só dignifica, ler obras,

a todo vivente do ócio.

Abre horizontes felizes,

ultrapassa o ordinário.

💐

Aos amigos que passaram, ainda que esporadicamente, nas séries do ano comemorativo dos dez anos do blog, minha gratidão de sempre.

A próxima série o tema será Mulher...

Amor Bem-Amado (Série Desencanto Poema 12 )

 

Amor Bem-amado

Num dia bem outonal,

nasceu o amor inaugural.

Cresceu na bela primavera,

Amadureceu no verão em quimera.

Veio um clima invernal,

Uma tempestade descomunal

Destruiu tanta amorosidade,

Rompeu nossa cumplicidade.

Passaram-se outras Estações,

O amor em suas manifestações

Aquecia meu coração de emoção,

Mantinha vivo indefeso coração.

Haverá na eternidade 

Uma nova oportunidade,

Daremos vazão ao abandonado,

Ao nosso amor tão bem-amado.

Desapaixonar (Série Desencanto, poema 11)

A dor que se dissimula dói mais.

E muito provável que a pessoa padeça o dobro do que realmente devia padecer.

É metafísica.

...

Eram tantos os castelos que engenhara, tantos, tantíssimos os sonhos que não podia vê-los assim esboroados, sem padecer um forte abalo no organismo.

(Machado de Assis)

Como desapaixonar?

Como desmemoriar?

Sabem me explicar?

Poderiam me ensinar?

Como rever meu bem-te-vi?

Como viver sem ti?

Sabem como é a saudade?

Poderiam me encher de bondade?

Como esperar o céu,

Como já viver sem ser ao léu?

Sabem como dói na alma?

Poderiam calcular minha calma? 

Como viver despedaçada?

Como continuar amordaçada?

Sabem como é doloroso?

Poderiam imaginar meu eu choroso?

💙

Vontade que a alma volte a sorrir...

(Papa Francisco)

Devaneios Contundentes (Série Desencanto Poema 10)

 

"A poesia não está nos versos, 

por vezes ela está no coração. 

E é tamanha. 

A ponto de não caber nas palavras."

No silêncio da noite, ela sonha,

escreve com paixão, toda emoção.

À sua volta é clareza, nobreza,

sentimentos presos, é tristonha.

Debruçada em si, sobre a mesa,

copiosas lágrimas ela debulha.

Pensamentos livres, ela confessa

ao papel toda dor, só mergulha.

Devaneia, desvaria ousadamente,

tem dor aguda, bem contundente.

Sua dor miúda na alma é agulha,

mal de Amor sem final é fagulha.

Um dia haverá da dor extinguir,

seu coração poderá se alegrar,

Por ora... só vê minar, sumir

todo seu ideal sublime de Amar.

Pássaro Sonhador (Dia Nacional do Poeta)

 

'Há um pássaro azul no meu peito que quer sair"...

P rocuremos ser amigos

O usar na arte da escrita

E ntremear a esperança

S em a tola competição

I remos ganhar alegria

A sadia pureza do 💙...

Sou um arco floral,

ele vem em mim se apoiar,

traz frescor ao meu viver,

dou-lhe meu perfume do campo.

Azul, branco, atemporal,

cores renovam todo ar,

num odor sem igual,

singelas como bem-querer.

Gracioso é o estampo,

num amarrado de palhas secas,

com miosótis e bolas douradas,

adornadas de flores envelhecidas.

 

O pássaro tem patente,

faz-me bem contente,

nem gorjeia, silencia,

Eu me extasio no silêncio. 

🐦🐦

Aos amigos poetas pelo seu dia.

Meu Deserto de Amor (Série Desencanto Poema 9)

 

"Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um Amigo."

(Exupéry)

Perco-me,

percorrendo caminhos,

sozinha e a pé...

Ando devagar,

terrenos arenosos ácidos,

levo minha fé...

Percorro a vida,

secura, silêncio, sede,

urge um café...

Busco um oásis,

solidão de corpo e alma,

vivo a vida com fé...

Chove em Mim (Série Desencanto Poema 8)

 

"As lágrimas são o estado líquido de uma mágoa, o escorrer visível de uma dor.”

Chove em mim,

escorrem lágrimas,

de dentro para fora,

chuva de dores.

Chove em mim,

saem tormentos,

derramam desafetos,

chuva de temores.

Chove em mim,

prantos em profusão,

vindos do coração,

chuva de desalentos.

Chove em mim,

caem dissabores,

escorregam melindres,

chuva de tormentos.

Sonhos Engavetados (Série Desencanto Poema 7)

 

tenho sonhos perfumados

eles foram engavetados...

são minhas raízes internas.

um dia, sairão do casulo,

tenho esperança no porvir,

o inusitado haverá de vir,

custe todo o custar...

cuido deles com carinho,

como se fosse eu um ninho,

são meu álibi a amar...

escondo-o com mil flores,

ninguém os percebe, só eu...

sei como adormecem nas gavetas,

até um Anjo o móvel abrir.

De Asas Pregadas (Série Desencanto Poema 6)

 

Impedida de voar, sonhar,

viu-se prisioneira do Amor.

não pode sequer relembrar,

chora em profusão, com dor.

Arruinaram os sonhos puros,

algemaram o seu bem-me-quer,

nas nuvens, a prenderam longe,

ignoraram a intenção da flor.

Amordaçaram os ideais totais,

no ímpio isolamento de pranto,

algures, estará seu encanto,

solto, livre como um monge.

Um dia, Alguém a libertará,

de todo tormento a livrará,

não terá grampo, ela cederá

aos intuitos do que virá...

Junção de Bom Afeto (Série Desencanto Poema 5)

 

"Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender".
(Clarice Lispector)

Recordo-me dos nossos passeios pela orla,

de braços dados, mãos dadas íamos juntos,

encantamento jorrava de nossa alma vivaz,

acedíamos ao momento, tal infantes felizes.

Voávamos mais alto do que águias velozes,

no capricho do deleite do oportuno momento,

passantes de longe nos observavam, enciumados,

até as ondas se acalmaram em doce marola.

Animados, nos notavam, todos nos miravam,

contínhamo-nos, traia-nos todos deslizes,

era a junção da ternura e do bom afeto,

nós dois juntos e um do outro bem perto.

Hoje, sombreados pensamentos me consomem,

vaza no peito toda dor da saudade contumaz,

quisera poder voltar o tempo, todos minutos,

um por um, não haveria degradável tormento. 

 

 

Espelho Ingrato (Série Desencanto Poema 4)

 

Você consegue fazer Poesia quando a dor constrange sua alma?

Às vezes, nem quando estamos atravessando terrenos tranquilos produzimos ideias poéticas.

(Augusto Cury)

"Amor é tudo  que tenho para dar"...

Uma lágrima rola 

em minha face, 

cada vez ao olhar 

o espelho ingrato, 

ele mostra sem piedade 

toda a minha dor 

de te perder, 

de não te ver 

além de uma sombra 

no vidro.

É memória viva 

ao olhar para mim 

constatar toda dor latente 

em meu peito dolente, 

como espada cravada de solidão.

Ó espelho malvado, 

tira de mim a face oculta,

de outro olhar tristonho 

ao ter me deixado tão cedo,

na mais cruel dor,

não desejada,

não me querias ver sofrer,

não foi possível o contrário.

Ó sombra da minha alma 

desolada e amante fiel,

não te olho  mais 

 já te vejo no oculto,

na essência do meu ser

saudoso e sofrido,

não fora o espelho,

seria o mar, a areia molhada

onde piso e encharco 

a cada dia mais e mais...

Sentimentos Limítrofes (Série Desencanto Poema 3)

 

"Os poetas da vida sempre transformam os mais amargos dramas nas mais belas poesias."

caminho por entre cercas divisórias,

delineiam meus sentimentos limítrofes,

ora são ternos, esguios, nada sombrios.

ora caídos e prostrados em desolação,

por reviver toda sentida ação sem chão,

invade o peito sem algo de conformação.

pensamentos azuis como leveza de pássaros 

ou como borboletas belas e esvoaçantes,

na secura de carinhos muito emocionantes.

do outro lado da cerca, estás, meu amado,

apenas sombras do teu vulto aviltante,

alicias o coração com Amor delirante.

Há um cerco entre nós...

Você se foi (Série Desencanto Poema 2)

 

Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar.

(Van Gogh)

Você se foi,

eu não consigo cantar,

conto os passarinhos

busco-os nos prados.

Você se foi.

eu não consigo me encantar,

conto as estrelas,

busco-as na escuridão.

Você se foi,

eu não consigo brincar,

conto as flores,

busco-as nos jardins.

Você se foi,

eu não consigo sorrir,

conto as marés,

busco-as no Sagrado Mar.

Você se foi,

eu não consigo viver,

conto as esperanças,

busco-as no horizonte.

Despedida Súbita (Série Desencanto Poema 1)

Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...
(Cecília Meireles)

Da última vez, ia partir,

despedida num só galope,

num rumo tão, tão incerto,

sem sequer poder imaginar,

do final muito abrupto,

num adeus quase eterno,

num momento tão terno.

O último beijo, o olhar

molhado de dor da saudade,

o aperto, nó no coração,

a saudade mais comprimida,

todas emoções refolhadas,

último beijo, sensação

estranha, rapidez sem vez.

Não houve sequer tempo 

de dizermos mais palavras,

tudo foi velozmente rápido 

como trem de partida súbita,

num relâmpago de emoções,

debulhar de lágrimas mil,

na voz engasgada, o Eterno

                     Adeus!

Banho de Lavanda💜AGRADECIMENTO

 

Colhi lavandas... Aqueci a banheira...

Preparei a infusão... Águas cálidas...

Fechei a janela... Abri cortinas...

Quarto adornado... Flores...

Cor lilás ... Taça de licores...

Essências... Ar bem aquecido...

Ausência de frio... tampouco calor...

Ambiente propício... tarde altaneira...

Mergulho em mim... Refresco meu eu...

Acalmo emoções... libero senões...

Borbulha a água... Lavo alma...

Perfume inebria... Alivia...

Efusão do corpo... acalma...

Explosão de delícias... Restaura...

Banho de espuma... Toalha me enrola...

Desejos purificados... Sonhos renovados...

🌺🌼🏵️🦋🐞🌼🌸🌻

Gratidão aos amigos que acompanharam o mês da Primavera por aqui.