Desde janeiro de 2024, uma vez por mês, poetas amigos desfilarão por aqui com poemas sobre a Arte da Poesia pela poesia.
Nossa homenageada será a amiga Celina, com uma fé inabalável, poeta com delicadeza de alma nos desafios que ´lhe são solicitados.
Hoje, excepcionalmente, saio do tema Poesia pela Poesia, para abordar o tema de Natal pela proximidade da data especial para todos nós.
Seja bem-vinda em nossoCantinho do Poeta, Amiga!
Natal
lembra presentes.
As árvores de Natal
trazem presentes. As crianças
sonham com eles. Esses presentes
lembram o maior presente - Jesus. Que
tal se usássemos a árvore para agradecer,
não apenas por Jesus mas pelo que Ele nos dá?
Na semana passada, copiei em papel algumas das fotos
de 2025. Quando olhei as fotos, senti que cada uma delas
representava uma bênção recebida no ano. Se em lugar de presentes
ou enfeites na árvore de Natal, colocasse os presentes recebidos de nosso Deus, mostrando agradecimento, poderia colocar na árvore todas as fotos. Às vezes lembramos dos acontecimentos do ano, mas não nos damos conta de quantas bênçãos recebemos. Tente montar sua árvore contando as bênçãos. A cada contagem ela será maior e mais colorida.
Um belo dia, um coveiro resolveu fazer um enterro diferenciado.
No calendário, seria um novo ano e ele queria inovar.
Para começar, colocou um pijama de bolinhas a fim de descontrair o ambiente tão pesado e soturno.
Pelo fim de um ano, as pessoas ficam sensíveis, as lágrimas descem mais espontaneamente, as emoções fluem sem embaraço algum.
Quis dar cabo e fazer sucumbir o desânimo da humanidade.
Num gesto simbólico, escreveu tudo que gostaria de que fosse mudado e enterrou literalmente numa cova funda, onde ninguém mais pudesse achar.
Tinha grande esperança no coração de ver a humanidade unida, com amor no peito, empatia sendo vivida sem contenção de afetos. Almejava a paz, enterrava o ódio, a prepotência, o desafeto, os desgostos, as desilusões, as guerras, o egoísmo, o poderio desenfreado, a ganância e outros mais de que ia se lembrando.
Começaram a chegar pessoas para reverenciar seus falecidos e viram que enterrava papéis e ficaram sem entender nada. Aproximaram-se do coveiro e observaram o ato simbólico, aparentemente doido, do pobre homem que estava acostumado a ver só coisas tristes.
Ao final do enterro fictício, entrevistaram o funcionário lhe perguntando o que fazia, afinal.
O homem foi narrando a dinâmica e as pessoas sairam cabisbaixas, abanando a cabeça, confirmando, no íntimo, que aquele inusitado homem estava mesmo maluco em querer coisas impossíveis devido ao contexto da sociedade atual.
Seu Gumercindo adorava ouvir o som dos seus relógios antigos.
Tinha um, em especial, que lhe dizia ao coração.
Ganhou de herança familiar. Veio do seu Tataravô. Passou pelo bisavô. Por sua vez, seu avô ostentava na casa e exibia o dim dom com grande orgulho da ancestralidade.
De tanto se apegar ao antigo relógio, montou uma oficina para ajeitar outros que lhe confiavam.
Pedia a um antiquário homem de chapéu que tinha fama de mágico e, quando não conhecia a causa de algum relógio nao funcionar, o chamava e zás... tudo se resolvia.
A sonoridade do tic-tac lhe era muito familiar e afetiva.
Dedicava-se a eles com amor.
No Natal, à meia-noite, as badaladas lhe eram de grande emoção.
Emilia revive sua vida, lê sua autobiografia, permanece imóvel, comovida, atenciosamente entendida do conteúdo denso do seu viver tão conturbado e sofrido.
Não chora mais, nada questiona e às suas dores, acolhe seu destino, agradecendo a Deus por tantas bênçãos e mimos vários.
Revê as fotos dos seus filhos e netos, uma lágrima furtiva caminha em sua face enrugada... só dura um minuto, seu vestido a recolhe.
Os dias parecem prolongar‑se sem que aconteça algo que mereça referência especial.
Se podemos, entregamo‑nos à preguiça e agimos como quem se despe das máscaras impostas pela rotina dos dias e entra num palco envergando o seu próprio eu, como sendo o único espectador de si mesmo.
É nesses momentos que podemos encontrar um modo de vida imaginário em que, por um subtil jogo de gestos e palavras, deambulamos por um espaço temporal, tanto exterior como interior, por nós inventado. "
Desde janeiro de 2024, estamos completando dois anos quase de pôr na passarela poética, os amigos que se atrevem na audácia da poesia cotidiana. É um verdadeiro estendal de talentos de todo tipo.
Basta que leiam os links abaixo colocados, com carinho e gratidão por nos brindarem com seus talentos.
Hoje, quase encerrando o ano. está nossa amiga Olinda Melo, fiel à cultura, à informação com dados precisos e se aventura na arte poética vez por outra, quando solicitada, e o faz divinamente bem também.
Seja bem-vinda em nossoCantinho do Poeta, querida Amiga!
Dos dias vividos,
Joana resolve apenas recordar
os dias mais bonitos.
Estirando-se na varanda
deixa que o sol lhe acaricie a face e, feliz,
respira fundo.
Folheia o livro que se propõe ler,
mas os seus pensamentos atraiçoam-na.
Viaja com um sorriso até os dias da sua infância.
Ela e os irmãos.
Ela, os irmãos e os amigos,
colegas de escola.
De manhã,
as aulas com a professora, Dª Alice,
passava a maior parte do tempo a dormitar
ou a fingir que dormitava.
O certo é que
na sala de aulas organizavam-se grandes festas,
tudo em surdina
até o dia em que eram irremediavelmente apanhados.
Em consequência,
grandes desafios que metiam contas,
resolução de problemas matemáticos, coisa temida.
De tarde, grandes romarias à beira mar,
a apanha de lapas,
a sua confecção no quintal da Dª Vininha,
mãe de uma das amigas.
Mas as brincadeiras não ficavam por aqui...
à noitinha novo encontro,
jogando à apanhada,
ao anel que implicava severos castigos
como aceitar beijinhos dos rapazes,
confessar em altos gritos
o seu amor por um deles,
risinhos, risinhos.
Até à hora em que a mãe os chamava
para o jantar.
Mudando de posição,
agora protegendo-se do Sol
com um chapéu de palha,
o livro a repousar ao lado,
põe-se a pensar:
Seria melhor ou pior que agora?
Bem, os tempos são diferentes.
*(O texto da amiga Olinda Melo, adaptei-o em forma de prosa poética para que não ficasse sem ter seu tapete estendido no varal dos poetas virtuais, sua sensibilidade aflora em tudo que faz. Ela escreve muitíssimo bem na prosa, como bem sabemos, toda vez que se aventura, ocasionalmente, na poesia, se dá muitíssimo bem também. Além do mais, ela se dispõe na arte da poesia em várias iniciativas minhas).